Desempenho de Guedes é contestado |
Porto Velho, Rondônia - Em fevereiro deste ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a desvalorização do real, alegando que a perda de valor da moeda nacional reverte o processo de desindustrialização e incentiva o empreendedorismo, em razão da alta dos juros.
Meses depois, a inflação acumulada nos últimos 12 meses passou a marca de 10%, a maior desde fevereiro de 2016. Economistas apontam a desvalorização da moeda, defendida por Paulo Guedes, como um dos principais fatores do aumento nos preços de produtos e serviços.
Em uma fala polêmica, além de dizer que “o Brasil era o paraíso dos rentistas”, pois “o câmbio baixo desindustrializava o Brasil, que estava pendurado num modelo rentista”, o ministro da Economia reconheceu que o dólar alto desestimula viagens ao exterior, e recomendou que se viaje pelo Brasil.
“Antes, o câmbio estava tão barato que todo mundo estava indo para a Disney, empregada doméstica indo para a Disneylândia. Uma festa danada. Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste. Está cheio de praia bonita”, disse Guedes, à época.
Ele voltou a defender a desvalorização do câmbio em outras ocasiões, inclusive recentemente. O aumento da inflação impacta no preço dos alimentos e serviços. O preço da abobrinha subiu 113% em 12 meses, e a gasolina, 33%. O gás de cozinha também disparou, com aumento de 26%, assim como o açúcar, 25,81%.
O economista José Márcio Camargo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), destaca que a desvalorização do real tem forte impacto nos preços praticados na indústria e no comércio.
“Nós tivemos uma desvalorização cambial muito forte, que chegou a 30% nos meses de março e abril do ano passado. Se resolver a questão dos precatórios, criar o Auxilio Brasil dentro do teto e aprovar a reforma do Imposto de Renda, esse cenário pode melhorar. É necessário reduzir a volatilidade do câmbio, um dos grandes motivos da inflação”, diz.
Camargo destaca ainda fatores ambientais e o descontrole fiscal, fruto de entraves políticos e econômicos. "Existem vários fatores que levam ao aumento da inflação. Tivemos uma série de geadas no sul, o que prejudicou a produção. Ao mesmo tempo, as pessoas ficaram em casa por conta da pandemia, e as atividades de produção reduziram no mundo todo. Agora tem um aumento da demanda e menor oferta. No Brasil, especificamente, temos um risco fiscal muito alto, com uma dúvida muito grande em relação ao PIB; isso gera temor de calote e a fuga de investidores”, completa.
Luís Otávio de Souza, economista-chefe do Banco ABC Brasil, também destaca que resolver os problemas fiscais é imprescindível para tratar o problema que deteriora o poder de compra das famílias. “Teve um aumento das commodities muito forte e não teve a respectiva melhora da cotação do real. Então ficamos só com o pior dos mundos na inflação. O petróleo subiu muito no primeiro semestre e, com o câmbio depreciado, tivemos aumento da gasolina. A depreciação do câmbio é mais um desejo do Paulo Guedes do que uma política deliberada de fazer o câmbio ser depreciado. Os principais motivos dessa depreciação foram problemas relacionados à política fiscal”, resume.
Fonte – R7
Em uma fala polêmica, além de dizer que “o Brasil era o paraíso dos rentistas”, pois “o câmbio baixo desindustrializava o Brasil, que estava pendurado num modelo rentista”, o ministro da Economia reconheceu que o dólar alto desestimula viagens ao exterior, e recomendou que se viaje pelo Brasil.
“Antes, o câmbio estava tão barato que todo mundo estava indo para a Disney, empregada doméstica indo para a Disneylândia. Uma festa danada. Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste. Está cheio de praia bonita”, disse Guedes, à época.
Ele voltou a defender a desvalorização do câmbio em outras ocasiões, inclusive recentemente. O aumento da inflação impacta no preço dos alimentos e serviços. O preço da abobrinha subiu 113% em 12 meses, e a gasolina, 33%. O gás de cozinha também disparou, com aumento de 26%, assim como o açúcar, 25,81%.
O economista José Márcio Camargo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), destaca que a desvalorização do real tem forte impacto nos preços praticados na indústria e no comércio.
“Nós tivemos uma desvalorização cambial muito forte, que chegou a 30% nos meses de março e abril do ano passado. Se resolver a questão dos precatórios, criar o Auxilio Brasil dentro do teto e aprovar a reforma do Imposto de Renda, esse cenário pode melhorar. É necessário reduzir a volatilidade do câmbio, um dos grandes motivos da inflação”, diz.
Camargo destaca ainda fatores ambientais e o descontrole fiscal, fruto de entraves políticos e econômicos. "Existem vários fatores que levam ao aumento da inflação. Tivemos uma série de geadas no sul, o que prejudicou a produção. Ao mesmo tempo, as pessoas ficaram em casa por conta da pandemia, e as atividades de produção reduziram no mundo todo. Agora tem um aumento da demanda e menor oferta. No Brasil, especificamente, temos um risco fiscal muito alto, com uma dúvida muito grande em relação ao PIB; isso gera temor de calote e a fuga de investidores”, completa.
Luís Otávio de Souza, economista-chefe do Banco ABC Brasil, também destaca que resolver os problemas fiscais é imprescindível para tratar o problema que deteriora o poder de compra das famílias. “Teve um aumento das commodities muito forte e não teve a respectiva melhora da cotação do real. Então ficamos só com o pior dos mundos na inflação. O petróleo subiu muito no primeiro semestre e, com o câmbio depreciado, tivemos aumento da gasolina. A depreciação do câmbio é mais um desejo do Paulo Guedes do que uma política deliberada de fazer o câmbio ser depreciado. Os principais motivos dessa depreciação foram problemas relacionados à política fiscal”, resume.
Fonte – R7
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