Distrito Federal, 13 de agosto de 2024 – O aumento no número de edifícios altos e a concentração de pessoas e atividades em espaços verticais nas áreas urbanas provocam uma série de impactos ambientais e sociais significativos. A chamada ‘verticalização’ intensifica o consumo de energia e a produção de resíduos, aumentando também a poluição.
Além disso, um dos maiores desafios relacionados à verticalização é a falta de espaços públicos adequados, o que pode levar à diminuição da coesão social. Segundo a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do UDF, Priscila Erthal Risi, a urbanização vertical cria, muitas vezes, ambientes onde a interação comunitária é prejudicada. “Isso pode resultar em uma sociedade mais fragmentada e menos colaborativa. Além disso, a pressão sobre os serviços públicos, como saúde, educação e transporte, também se intensifica, criando uma demanda maior do que o sistema pode suportar, especialmente em áreas onde a infraestrutura já é suficiente”, completa.
Outro aspecto importante para levar em consideração é a revitalização de centros históricos, onde a verticalização levanta algumas preocupações adicionais, já que os edifícios históricos possuem restrições específicas quanto à ocupação de seu entorno para garantir a preservação não só do edifício em si, mas também da paisagem urbana adjacente.
“A construção de grandes edifícios próximos a essas áreas podem criar dissonâncias visuais e estéticas, impactando negativamente a percepção do patrimônio histórico. Além disso, a sobrecarga da infraestrutura local é um efeito imediato e preocupante, já que muitas dessas áreas não foram planejadas para suportar um grande aumento populacional e de atividades”, explica Risi.
Por um lado, a ideia de adensamento populacional para reduzir o uso de veículos particulares e promover o transporte público é frequentemente vista como uma solução benéfica tanto para a população quando para o meio ambiente. No entanto, esse benefício não é garantido e depende do planejamento ecológico, econômico e social da região. Afinal, sem um planejamento adequado, o adensamento pode não resultar na redução esperada do uso de veículos e pode, ao invés disso, exacerbar os problemas urbanos existentes.
Por conta da verticalização, observa-se uma diminuição da expansão periférica que, de acordo com a docente, está intimamente ligada a questões regionais, econômicas e política. “Em termos de benefícios, preservação de áreas naturais, habitats de vida silvestre, mananciais hídricos e biodiversidade, a diminuição da expansão periférica é um ganho significativo. Porém, existem os pontos negativos, como o aumento da pressão imobiliária, a perda de identidade e características locais, e a concentração de problemas sociais e infraestruturais em áreas verticalizadas”, esclarece.
De modo geral, a redução da expansão periférica pode ajudar a preservar áreas naturais e produtoras agrícolas, mas a pressão imobiliária nas áreas urbanas pode resultar em preços elevados de habitação, excluindo populações de baixa renda e criando uma segregação ainda maior.
Para melhorar a capacidade de planejamento das cidades verticalizadas, Risi explica que é necessário realizar estudos específicos e detalhados, já que cada cidade tem suas peculiaridades e necessidades, e as soluções devem ser adaptadas a esses contextos. Somente uma abordagem holística e bem planejada será possível mitigar os impactos negativos da verticalização e promover um ambiente urbano mais sustentável e harmonioso.
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